O pecado da mágoa

 

Toda vez que alguém ou algo se choca com o bem-estar de outra pessoa, com o seu prazer, seu poder, irá imediatamente produzir a chispa da raiva. Esta poderá abrandar-se logo ou atear incêndio, dependendo do momento, das circunstâncias e a quem tenha atingido.
 
Estão-se falando de alguém que tenha aos seus pés poder, dinheiro, status e todas as vaidades ou os objetos que levam a elas, claro que isso será ainda mais acentuado.
 
A raiva é a reação emocional imediata à sensação de se estar sendo ameaçado, sendo que esta ameaça possa produzir algum tipo de dano ou prejuízo.
 
Não há quem já não tenha sido vítima da raiva. Todos os dias nos deparamos com diversas pessoas, no trabalho, no trânsito, em locais públicos. Sendo estas as mais diversas, portadoras dos mais variados estados de ânimo. Não raro, até mesmo uma presença em um evento o qual não somos convidados, mesmo que esse seja feito em local publico.
 
Sentir raiva é atitude natural e normal no quadro das experiências terrenas. Canalizá-la bem, elucidando-a até a sua diluição, é característica dos bons, de quem almeja uma mudança interior, maior que seu sentimento eternizado de vingança que com o passar dos anos corroei sua lucidez e destroem de maneira cruel sua historia de vida pessoal e pública.
 
Ser saudável e lúcido, e ter um espírito leve, não são para fracos e vingativos, é para aqueles que têm visão de águia e coração de mãe. Infelizmente muitas lideranças políticas de nossa cidade deixam essa sensação inquietante se alastrar e ocupar mais espaços em suas mentes e sentimentos, perdendo uma grande oportunidade de serem melhores em tudo.
 
Sentimentos de vingança e de raiva petrificados que atravessam os anos na verdade e uma sensação de inferioridade e medo, pois muitas vezes nem tudo e nem todos estão aos seus pés como gostaria.
 
A raiva é o lançamento de uma cortina de fumaça sobre nossos próprios defeitos, a fim de que eles não sejam percebidos pelos outros.
 
Em nenhum momento devemos nos permitir guardar a mágoa, quando a mágoa se instala, o indivíduo vai perdendo aos poucos a alegria de viver, avançando em direção aos estados depressivos e de melancolia – extinguindo-se o prazer pela vida. A mágoa cultivada aloja-se em determinado órgão e o desvitaliza, alterando o funcionamento normal das células. Quando dissimulada e agasalhada nas profundezas da alma, se volta contra o próprio indivíduo, em um processo de autopunição inconsciente. Neste caso, o indivíduo passa a considerar a si próprio culpado pelo ocorrido, e então se pune, a fim de expirar a sua culpa.
 
Segundo Sigmund Freud, o grande psicanalista do século 20, todos nós temos uma certa predisposição orgânica para cedermos à somatização de algum conflito. Esta se dá geralmente em algum órgão específico. Desta forma, muitos de nossos adoecimentos repentinos são frutos do que ele chamou de complacência somática. Nós guardamos a mágoa ou “fazemos de conta” que ela não existe. Como os sentimentos não morrem, eles são drenados no próprio ser, ferindo aquele que lhe deu abrigo.
 
Compreensão e discernimento, poderiam ser a mistura perfeita para abrandar esse sentimento destrutor, pois um grande desafeto hoje, pode ser um grande aliado amanhã, um aliado ferido pode se transformar em um inimigo poderoso.
 
O ressentimento é fruto de nosso atraso moral. Nós guardamos a dor da ofensa a fim de esperar o momento oportuno da vingança, do revide, a fim de sobrepormos nosso ego ferido em relação ao ego do ofensor. Quando isto acontece, um sentimento de animosidade cresce dentro de nós a cada dia, até que a convivência com a outra pessoa se torne insuportável. Um olhar não suporta mais o outro e a relação cessa por completo. Muitas amizades terminam assim, por falta de diálogo, de sinceridade e humildade em reconhecer-mos para o outro que ficamos chateados com sua atitude.
 
Optar por não guardar ressentimentos é fazer um bem a nós mesmos, impedindo a desarmonia e inquietação e evitando o desequilíbrio, entre o afetado com seu momento de fúria, quando certamente receberá os frutos de suas ações, decorrente da faixa em que se encontra.
 
Aquele que se ama e valoriza não se magoa facilmente e tampouco fica irado com qualquer situação corriqueira e boba. Dessa forma, trabalhar pelo desenvolvimento de nossa auto-estima é o melhor antídoto para evitarmos o acúmulo do lixo mental dos ressentimentos e mágoas.
 
Na origem de nossos males – por mais que insistamos em culpar os outros - sempre está a própria criatura, herdeira de si mesma.

Artigos escritos por Jaime Thalles

O pecado da mágoa

  Toda vez que alguém ou algo se choca com o bem-estar de outra pessoa, com o seu prazer, seu poder, irá imediatamente produzir a chispa da raiva. Esta poderá abrandar-se logo ou atear incêndio, dependendo do momento, das circunstâncias e a quem tenha atingido.   Estão-se falando de...
Leia mais

As vezes é preciso ficar só.

As vezes é preciso ficar só para descobrir outras pessoas dentro de nós,as vezes é preciso se esquecer para encontrar o melhor dentro de sí.   As vezes é preciso perder tudo só para ter algo de volta,as vezes é preciso desistir para recomeçar.as vezes é preciso se deparar com a morte...
Leia mais

Nosso Teresópolis na Mídia

  Todos sabem que sempre lutei pelos direitos das minorias, bem como por uma comunidade mais justa e fraterna, não seria eu, que alem de fundar e dirigir a radio Millennium e colaborador voluntario do Jornal do Terê por tanto tempo, que limitaria ou cercearia o direito a liberdade de...
Leia mais